quarta-feira, 4 de março de 2009

O fim último da vida não é a excelência!


É para lerem muitas vezes até perceberem...... O fim último da vida não é a excelência!O autor deste texto é João Pereira Coutinho, jornalista. Vale apena ler!

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Não tenho filhos e tremo só de pensar.Os exemplos que vejo em volta não aconselham temeridades.Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar dabenesse, não levam vidas descansadas.Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia enuma ansiedade de contornos particularmente patológicos.Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço,da posição social e da fortuna familiar. Hoje, não.A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, comas barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro,lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército deprofessores, explicadores, educadores e psicólogos, como se acriança fosse um potro de competição.·Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nassociedades modernas: a vida não é para ser vivida - mas construídacom sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, emprogressão geométrica para o infinitoÉ preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho desonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes desonho.Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja amamar forte no Prozac. É a velha história da cenoura e do burro:quanto mais temos, mais queremos.Quanto mais queremos, mais desesperamos.A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará porarrasar o mais leve traço de humanidade.O que não deixa de ser uma lástima.·Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne,saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade.

2 comentários:

Merchi disse...

... plain & simple

SPPAM disse...

Ando em falta com o SPPAM.... desculpem!
Este texto merece mil e um aplausos!
Meus queridos, se algum dia me virem assim, por favor chamem por mim, abracem-me e digam-me ao ouvido: estás a tornar-te naquilo que não querias!
Bjos!
sppaM